domingo, maio 06, 2007

Aleijadinho - O Mestre da Arte Barroca


Foto: Divulgação

Quem foi Aleijadinho?

Antônio Francisco da Costa Lisboa, escultor e arquiteto brasileiro. Nasceu em Vila Rica (atua Ouro Preto), Minas Gerais no dia 29 de agosto de 1730, e faleceu em Mariana no dia 18 de novembro de 1814, filho natural de Manoel Francisco Lisboa, entalhador português e uma escrava africana que se chamava Isabel, e sobrinho de Antônio Francisco Pombal, afamado entalhador de Vila Rica.

De educação escolar primária, iniciou seu trabalho como escultor e entalhador ainda criança, seguindo os passos do pai e trabalhando na oficina do tio. Seu aprimoramento profissional veio de seus contatos com o abridor de cunhos João Gomes Batista e o escultor e entalhador José Coelho de Noronha, autor de muitas obras em igrejas da região.

Desde cedo começou sua carreira artística graças às influências, por acompanhar o seu pai ao Ribeirão do Carmo, e lá deve ter-se extasiado diante das vastas dimensões da catedral, admirando o seu retábulo ornado de flores, os altares dourados, os anjos e os castiçais, suntuosos paramentos.

Aos 40 anos de idade foi atacado por uma forte doença que talvez fosse a lepra, que o impede de andar, e deixa-lhe os dedos atrofiados. Aos poucos Aleijadinho foi impossibilitado de trabalhar. Nem por isso se sente desanimado, e segue avante com a sua vocação de artista. Foi realmente um líder da arte de seu tempo.

Na fase anterior a doença, suas obras são marcadas pelo equilíbrio, harmonia e serenidade. São desta época a Igreja São Francisco de Assis, Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões (as duas na cidade de Ouro Preto).

Conta-se que ao perder os dedos dos pés ele passou a andar de joelhos, protegendo-os com dispositivos de couro, ou a se fazer carregar e ao perder os dedos das mãos, passou a esculpir com o cinzel e o martelo amarrados aos punhos pelos ajudantes e já tinha mais de sessenta anos quando realizou suas obras-primas.

Já com a doença, Aleijadinho começa a dar um tom mais expressionista às suas obras de arte. É deste período o conjunto de esculturas, Os Passos da Paixão e Os Doze Profetas, da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas do Campo. O trabalho artístico formado por 66 imagens religiosas esculpidas em madeira de cedro (1796-1799) e 12 majestosos profetas em pedra-sabão (1800-1805), é considerado um dos mais importantes e representativos do barroco brasileiro.

Suas mais famosas obras são o Conjunto do Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo, com 66 imagens esculpidas em madeira de cedro (1796-1799) e os 12 majestosos profetas em pedra-sabão (1800-1805).

A obra de Aleijadinho mistura diversos estilos do barroco. Em suas esculturas estão presentes características do rococó e dos estilos clássico e gótico. Utilizou como material de suas obras de arte, principalmente a pedra-sabão, matéria-prima brasileira.

Morreu pobre, doente e abandonado na cidade de Ouro Preto no ano de 1814 (ano provável). O conjunto de sua obra foi reconhecido como importante muitos anos depois. Atualmente, Aleijadinho é considerado o mais importante artista plástico do barroco mineiro.

Observando-se os traços, as expressões das esculturas do Aleijadinho, é impossível evitar-se o sentimento de emoção e respeito que elas despertam.



Senhor dos Passos (figura de vestir), Século 18
Antônio Francisco Lisboa/AleijadinhoMadeira (cedro), 54 X 42 X 19 cm
Arquidiocese de Mariana/Museu Arquidiocesano de Arte Sacra, MG
Foto: Juninho Motta

A primeira Biografia...

A primeira biografia do escultor, arquiteto e entalhador Antonio Francisco Lisboa, publicada pelo jurista Rodrigo José Ferreira Bretas nos números 169 e 170 do Correio Oficial de Minas, em 1858, 44 anos após sua morte, pelo jurista Rodrigo José Ferreira Bretas, com base em documentos de arquivo, como o publicado pelo vereador Joaquim José da Silva, na cidade de Mariana (MG) em 1790 - e que teve, entre outros, depoimentos da nora do artista, Joana Francisca de Araújo Corrêa - apontava 1730 como ano de seu nascimento.

Por ausência de certidão de nascimento, fez-se a correção, para 1738, , levando-se em conta o atestado de óbito conservado no arquivo paroquial da Matriz de Nossa Sra. Da Conceição de Antônio Dias, em Ouro Preto, onde foi sepultado, e que assinala sua morte aos 76 anos. (Bretas, Dutra e Myriam).

Segundo o primeiro biógrafo de Antonio Francisco Lisboa, o artista “sabia ler e escrever”, mas nada consta de que “tivesse freqüentado alguma outra aula além da de primeiras letras”, embora seja provável que tivesse estudado latim. Pesquisas posteriores, dentre elas as empreendidas pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), de 1942 a 1945, levaram o historiador Geraldo Dutra de Moraes a incluir na biografia que publicou sobre o arquiteto e escultor, em 1977, a formação recebida no Hospício da Terra Santa. Ambos, Bretas e Dutra, também mencionam Antonio Francisco Lisboa como grande leitor da Bíblia durante toda a vida. (Dutra).

O livro citado na primeira biografia de Antônio Francisco Lisboa, por Ferreira Bretas, não foi localizado até hoje, quer em buscas no Arquivo Público Mineiro, quer no arquivo da Prefeitura de Mariana. Todavia, partindo-se do pressuposto da veracidade da citação, esta ganha especial relevância por se tratar do depoimento de um contemporâneo do artista, escrito nada menos do que 24 anos antes de sua morte, e com força para derrubar as dúvidas suscitadas por certos escritores de que Antônio Francisco Lisboa teria executado a maior parte de sua obra com os instrumentos atados aos pulsos. (Bretas, Lúcio/notas, Myriam).


Sobre sua obra...

Vários trabalhos em escultura, reconhecidos como criações do artista mineiro, não possuem registro de época confirmando a autoria. Isto se deve, segundo especialistas, entre outras razões, à sua condição de mulato, muitas vezes obrigado a aceitar contratos como artesão diarista e não como mestre (algo que irá se alterar com o tempo). Para estes casos, os estudiosos de sua obra utilizam, como forma de identificação de seu legado artístico, traços distintivos de suas esculturas, como a face oval próxima a modelos góticos, o desenho amendoado dos olhos, os bigodes que nascem diretamente das narinas, os cabelos encaracolados e bem delineados, o queixo dividido em duas partes, o drapeamento geometrizado das vestes, a estrutura corporal robusta com músculos e veias salientes e, ainda, as expressões de poderoso efeito emocional, mas contidas e espiritualizadas. (Bazin no Itaú Cultural).


O que Pensavam sobre Alejadinho?

Entenda-se que o diminutivo de Aleijadinho é significativo da pura compaixão e meiguice brasileira. O homem, a que ele se aplicou, nada tinha de fraco ou pequeno. Era, em sua disformidade, formidável. Nem no físico, nem no moral, nem na arte, nenhum vestígio da tibieza sentimental. Toda a sua obra de arquiteto e escultor é de uma saúde, de uma robustez e de uma dignidade que não atingiu nenhum outro artista plástico brasileiro. As suas igrejas, que apresentam uma solução tão sábia de adaptação do barroco ao ambiente do século XVIII mineiro, não criam aquela atmosfera de misticismo quase doentio que há, por exemplo, em São Francisco de Assis, na Bahia, ou na Misericórdia, de Olinda: nas claras naves de Antônio Francisco dir-se-ia que a crença não se socorre senão da razão; não há nelas nenhum apelo ao êxtase, ao mistério, ao alumbramento.” (Manuel Bandeira).

O Aleijadinho padecia freqüentemente de dores violentas, tão agudas, que o levaram mais de uma vez a mutilar os dedos com o próprio instrumento que lavrava a pedra. Caíram-lhe todos os dedos dos pés, e, desde então, não caminhava senão de joelhos, para isso mandou fazer umas joelheiras de couro, e, assim, subia escadas com grande agilidade. Perdeu também quase todos os dedos das mãos. Para trabalhar, era mister que lhe amarrassem, às mãos, o cinzel e o martelo. Foi assim que, em idade já avançada, lavrou ele as doze estátuas dos profetas e as sessenta e tantas figuras dos Passos de Congonhas do Campo. Todavia, a enfermidade, longe de abater o ânimo de Antonio Francisco, como que estimulou a sua extraordinária capacidade de trabalho. O principal efeito dela foi segregá-lo da sociedade, que ele passou a evitar. Às primeiras horas da madrugada punha-se a caminho do local em que devia trabalhar, quase sempre uma igreja ou capela, de onde só regressava noite fechada”. (Mario de Andrade)

Fontes: e-biografias.net, ccbb e suapesquisa.com



Cristo Morto, Século 18
Mestre de Piranga210 x 65 x 50 cm
Paróquia de Santa Ifigênia - Ouro Preto, MG
Foto: Denise Andrade e Juan Guerra

Exposição - "Aleijadinho e seu Tempo — Fé, Engenho e Arte"

Dividido entre os temas:

* O Continente Americano - Registro do território daquela época, a partir de cartografias, iconografias (acervos da Biblioteca Nacional, Mapoteca do Itamarati, Museu Histórico Nacional, etc) e obras de artistas que vieram nas expedições científicas ao Brasil (Rugendas, Thomas Ender e Debret).

* O Brasil, colônia de Portugal, e a região de Minas Gerais - Ilustra da por peças barrocas originais de autoria de Aleijadinho, Francisco Xavier de Brito, Mestre Piranga, entre outros, em espaços museológicos sonorizados.

* O Caminho Real e a Civilização do Ouro - Iconografia e objetos originais que demonstram à força do período do ouro no Brasil (desenhos, gravuras, documentos, moedas – acervos do Banco do Brasil, Fundação Biblioteca Nacional, Banco Central e Museu Histórico Nacional).

* A Devoção - Ilustrada através de fotografias originais do Marcel Gautherot e objetos originais (ex-votos) que demonstram a fé do povo mineiro.

* Aleijadinho – vida e obra - Filmografia composto de linha do tempo multimídia com textos, depoimentos, documentos, iconografia e vídeos.


CCBB Rio de Janeiro – 14 de janeiro até 11 Fevereiro de 2007

Serviço:
Aleijadinho e seu Tempo — Fé, Engenho e Arte
Fachada, rotunda, 1º e 2º andares

ENTRADA FRANCA

Funcionamento:
De 14 de outubro de 2006 a 11 de fevereiro de 2007
De terça a domingo das 10h às 21h; quinta-feira, de 10h às 22h

Local:
Rua Primeiro de Março, 66
Centro 22240-110 Rio de Janeiro RJ
Telefone:21 3808-2020

Estacionamento:
Vans exclusivas e gratuitas transportam o público do Terminal Garagem Menezes Côrtes-TGMC ao CCBB, no período de 17h às 22h, de terça-feira a domingo.

Site Oficial da Exposição: Centro Cultural Banco do Brasil

* Texto publicado originalmente em 06/05/2007 no extinto Rio que Amo 2 assim como os 4 primeiros comentários encontrados neste Haloscan.

4 comentários:

Anônimo disse...

Lulu on the sky disse...

Rogério,
Obrigada pela visita ao blog, agora esse é meu novo endereço definitivo. Lembro q uma vez fiz um trabalho na escola sobre Aleijadinho, o cara era fantástico mesmo.
Big Beijos

28 de Janeiro de 2007 16:33

Anônimo disse...

Claudinha disse...

Rogério, que coisa boa ver Aleijadinho aqui. Que ótimo saber que sua obra viaja assim. Ele não foi só isto não, dizem as "más línguas" que ele foi um dos principais articuladores da inconfidência e o pobre alferes é que serviu de bode expiatório. Há um livro, 'Confidências de um Inconfidente' que desbanca com toda a história! Um beijo!

30 de Janeiro de 2007 13:34

Anônimo disse...

Jacque disse...

Rogério!!!
Fui lá no blog De cara pra Lua e vi um de seus comentários com seu blog. Eu sou a Jacque - queria vetar o anjo (hehehehe). Adorei ler esse post sobre Aleijadinho, pois fala um pouco da "minha" Minas Gerais. Pena eu não estar no Rio pra ver essa exposição.
Um grande abraço.

14 de Fevereiro de 2007 14:22

Anônimo disse...

Jasciara disse...

Para iluminar seu caminho,
para colocar ordem na sua vida,
para você ter sempre a certeza,
de que ele está ao seu lado,
em todos os momentos.

Em qualquer situação,
na sua tristeza e na sua alegria.
E mesmo que você se esqueça dele às vezes,
ele estará sempre do seu lado,
lhe ajudando, lhe dando conselhos,
lhe conduzindo na sua estrada,
às vezes triste, às vezes alegre.

Ele sempre vai dar o melhor de si,
para lhe ajudar, e em troca disso,
ele só quer que você saiba dele,
que acredite nele.

Não precisa saber o nome do seu anjo,
basta lembrar dele como uma luz,
a iluminar o seu caminho.

E você pode ter certeza de que ele é assim,
uma imensa luz, que não se apaga nunca,
que não fica fraca,
que jamais perde sua força e seu brilho.

Um lindo anjo para você...
Que você possa contar com ele,
Sempre!!!


JACIARA
18 de Abril de 2007 13:22